R. Kelly sofre overdose na prisão após ser colocado em solitária, e defesa acusa agentes penitenciários: “Não foi um erro”

Em denúncia, a defesa do cantor apontou suposta conspiração de funcionários da penitenciária e pediu liberdade imediata de Kelly

Nesta terça-feira (17), os advogados de R. Kelly confirmaram que o cantor sofreu uma overdose quase fatal na semana passada. O incidente teria ocorrido enquanto ele estava em confinamento solitário.

O artista está preso desde 2022, cumprindo uma sentença de 30 anos por crimes como produção de pornografia infantil, aliciamento de menores, extorsão e tráfico sexual.

De acordo com documentos obtidos pelo USA Today, a overdose aconteceu após Kelly ser colocado em confinamento solitário, em 10 de junho. Na ocasião, agentes da penitenciária FCI Butner Medium I, na Carolina do Norte, teriam administrado ao cantor medicamentos adicionais, além dos que ele já utilizava regularmente, o que resultou em seu desmaio dentro da cela.

O advogado Beau Brindley afirmou que Kelly deveria receber apenas sua medicação habitual. No entanto, no mesmo dia, funcionários teriam dado a ele uma dose maior do que o comum. Três dias depois, o cantor começou a apresentar sinais de fraqueza e tontura.

“Ele começou a ver manchas escuras na visão. Tentou se levantar, mas caiu no chão. Ele rastejou até a porta da cela e perdeu a consciência”, descreve o relatório.

Kelly, cujo nome verdadeiro é Robert Sylvester Kelly, foi socorrido e levado às pressas para o Hospital da Universidade Duke, em Durham, no dia 13 de junho. No local, foi constatado que ele havia sofrido uma overdose quase fatal. O cantor permaneceu sob observação por dois dias antes de ser transferido de volta à prisão — decisão que, segundo a defesa, foi tomada “à força” e contrariando recomendações médicas.

Brindley acusa os agentes penitenciários de terem colocado a vida do cantor em risco deliberadamente: “Isso não foi um erro. Foi uma dose que colocou sua vida em risco e quase a tirou”.

R. Kelly foi condenado a 30 anos de prisão em 2022. (Foto: Getty)

Acusação de tentativa de assassinato

A defesa de Kelly entrou com um pedido de emergência solicitando sua libertação imediata, alegando que o cantor corre risco de vida na prisão. Essa é a terceira tentativa de obter sua liberdade.

Na nova moção, os advogados alegam que três funcionários da prisão — entre eles o diretor e o vice-diretor — teriam orquestrado uma tentativa de assassinato contra Kelly. O plano envolveria o uso de um detento com doença terminal, identificado como Mikeal Glenn Stine, suposto membro do grupo supremacista branco “Irmandade Ariana” (Aryan Brotherhood).

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Segundo a defesa, Stine foi transferido propositalmente para a unidade de Kelly com a missão de matá-lo. Em depoimento prestado em 19 de maio, o próprio Stine revelou o suposto plano.

De acordo com ele, os funcionários lhe garantiram que seria acusado pelo assassinato, mas que as provas seriam “mal manipuladas”, impedindo uma condenação. Prometeram ainda que ele teria a chance de “escapar” durante o transporte e viver seus últimos meses “como um homem livre”.

No entanto, Stine afirmou ter desistido da missão após observar Kelly por algumas semanas e acabou contando tudo ao cantor: “Contei a verdade a ele. Disse que fui enviado para matá-lo. Expliquei como e por quem. E avisei que sua vida estava em perigo real”.

R. Kelly foi condenado em junho de 2022 a 30 anos de prisão. Ao proferir a sentença, a juíza Ann Donnelly declarou que o cantor usou sua fama e influência para atrair jovens fãs, com a ajuda de cúmplices, e cometer crimes sexuais.

“Ele prejudicou os jovens, os vulneráveis e os que não têm voz, em busca de gratificação sexual”, afirmou a magistrada, chamando Kelly de “predador”.

O artista foi condenado por múltiplas acusações de extorsão, suborno, trabalho forçado e por violar a Lei Mann, que proíbe o tráfico sexual interestadual.

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